Domingo, 24 (Dia 267 – 2023 / Semana 39)
Na década de 1950, um grupo de pesquisadores liderado por Leon Festinger (https://pt.wikipedia.org/wiki/Leon_Festinger) infiltrou-se em uma seita que acreditava que o mundo iria acabar devido a uma inundação iminente antes do amanhecer de 21 de dezembro de 1954. A líder da seita, Dorothy Martin, revelou a profecia via o processo de escrita automática – uma forma psíquica de escrever palavras sem esforço consciente. Em outras palavras, psicografia.
Nessa forma de comunicação, digamos assim, supostamente o que você escreve vem de algum tipo de força sobrenatural, como um fantasma se comunicando através de você com o mundo real. Os crentes do culto pensavam que se desistissem de todos os seus pertences mundanos, abandonassem seus empregos, se separassem de suas famílias e se dedicassem a orar pela salvação, seriam resgatados
por alienígenas do planeta fictício Clarion.
Esses alienígenas estariam esperando perto da Terra em seus discos voadores. Como a hora profetizada para o resgate da enchente passou sem nenhum sinal de disco voador, Festinger notou que havia muita preocupação
no grupo. Eles não sabiam explicar o que estava acontecendo. Por volta das 4h05 da manhã do dia 21 de dezembro, o líder do culto recebeu outra mensagem por escrita automática.
Viés de Confirmação
A mensagem dizia que a Terra seria poupada do dilúvio destrutivo porque foi salva pelas orações dos
membros do culto, que espalharam a luz por todo o mundo. Festinger notou uma mudança muito interessante
no comportamento dos membros do culto no dia seguinte. Anteriormente, os membros do culto evitavam qualquer publicidade e não queriam falar com estranhos.
Depois que a profecia falhou, no entanto, o grupo contatou a mídia e iniciou uma campanha para divulgar a notícia de que havia salvado o mundo. Festinger estava interessado no papel que a inconsistência cognitiva poderia desempenhar na criação desta mudança de comportamento. Ele propôs uma teoria das relações atitude-comportamento chamada teoria da dissonância cognitiva.
Agora, quando Leon Festinger propôs a teoria da Dissonância em 1957, as pessoas pensaram que tenderíamos a ter atitudes mais positivas em relação a coisas que estão associadas a resultados ou recompensas positivas. Esta era a perspectiva behaviorista baseada na teoria do reforço proposta por Skinner em 1938. Festinger pensava que, em algumas circunstâncias, precisamente o oposto seria verdadeiro – uma pessoa teria uma atitude mais positiva em relação a algo ao receber uma pequena recompensa em comparação com uma grande recompensa.
Complexidade do Comportamento Humano
Essa previsão causou grande rebuliço na época, pois era bastante contra intuitiva. Ele pensou que este seria o caso porque um dos nossos impulsos ou motivações fundamentais é manter a consistência cognitiva. Qualquer inconsistência em nossos pensamentos ou cognições, o que Festinger chamou de dissonância, não era agradável e por isso estamos motivados a reduzi-la.
Ele pensava que a redução da dissonância poderia ser alcançada alterando uma das cognições; gerando novas cognições que restauram a consonância, ou minimizando a importância de uma ou mais das cognições que são inconsistentes. O método preciso que usamos para redução da dissonância depende das restrições da realidade.
Por exemplo, no caso de uma inconsistência entre a atitude e o comportamento de alguém, a cognição mais facilmente modificável é a atitude, especialmente se outra pessoa viu a pessoa a comportar-se da forma como o fez. A realidade é que, uma vez realizado um comportamento diante de outra pessoa, é difícil negar que você se comportou dessa maneira e, portanto, a atitude é a cognição mais aberta à mudança.
No cerne da teoria de Festinger estava a ideia de que a consistência cognitiva, e não o reforço, era um importante determinante do comportamento.
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Entenda a diferença entre consistência e dissonância cognitiva.
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