Quarta, 24 (Dia 144 – 2023)
O cidadão estava conversando com outros na calçada quando eu me aproximei para colocar tolerância num veículo. Ele disse para mim “tu já colocou o papelzinho no meu carro, lá adiante, mas que vou botar uns R$ 2,00, porque estou esperando a minha mulher, mas ela já vem“, e blá, blá. Perguntei pela placa do carro, ele não lembrava, mas disse que era um vermelho, “lá embaixo“, e aí a gente olhava para a extensão da via e enxergava três carros vermelhos ao longe, e o dele era o primeiro, de lá para cá.
Se ele não estava a fim de ir lá ver qual era a placa do veículo, muito menos eu. Então falei para ele que faria a volta na quadra e até chegar de novo no carro ele provavelmente já teria saído, que não precisava botar dinheiro nenhum. Ele insistiu, me deu os dois reais e disse, “quando passar de novo coloca, e se eu não estiver mais lá, fica tranquilo, toma um café“. Todo mundo sempre diz para a gente tomar um café, em casos como esse.
Mais um Amigo
Então tá, eu peguei o dinheiro e vida que segue. Depois de dar a volta na quadra, cheguei no tal carro, e gerei o tempo solicitado, colocando o comprovante no parabrisa. Quando tinha acabado de fazer isso o homem vinha vindo, e já vinha rindo, falando, “nem precisava colocar, perdeu o café“. E eu disse, “se o senhor tivesse aceitado a minha sugestão não teria perdido os dois reais“. Ele riu, bateu no meu ombro, “bom trabalho“, e eu “boa noite para o senhor“, que já estava escurecendo, e ficamos assim.
E assim acaba que eu não vou conseguir lembrar, porque é muita gente, mas ele certamente se lembrará de mim numa próxima oportunidade, até porque nós, monitores, andamos uniformizados e somos uma minoria.
Quase Assustado
Um outro cidadão me pediu para olhar enquanto ele pisava no freio, para ver se as lâmpadas estavam todas acendendo. Ele recém as havia trocado. Antes disso eu tinha colocado a tolerância na mão dele. Depois de confirmar que todas as luzes estavam funcionando, segui em frente. Fiz a volta na quadra, retornando ao mesmo ponto mais de dez minutos depois. O cidadão estava ainda no mesmo lugar, dentro do carro, e quando me aproximei ele perguntou: “já passou o tempo? Já posso sair?“
Eu estranhei, mas respondi, apenas, sim, já passou o tempo da tolerância. Ele então ligou o carro, me desejou bom dia e arrancou. Fiquei na dúvida. Será, mesmo, que ele achou que não poderia ir embora depois que lhe dei o papel da tolerância? que engraçado.
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